NOS BRAÇOS DO INFINITO

Curativo das profundezas feridas da alma andarilha, anjo puro alado que carrega a chama do plexo do mundo, faz-me, por um mísero segundo, incapaz de manipular meus pensamentos, rompendo a barreira dos sentimentos. Borboletas cósmicas, estrelas rasantes, assim sou eu a espera do nosso encontro, excitante, esferas douradas, pontuadas em meu corpo vacilante.

Adentro no amedrontamento infinito, expansivo e incompreendido de Deus Chochma, intuitivamente sentindo, ouvindo, o som de sua voz, veloz. A sabedoria da criação me arremessou há anos luz, me conduzindo para o zênite da cruz, com cuidado nos braços de meu amado.

O impensável reflete-se na parede das projeções, é-me infinita sua presença, eis me aqui no dissipante do não existir, abraça-me, pois já quero ir, sem passado e sem futuro, onde o presente apenas se basta, abraços prismáticos equalizam a sabedoria misteriosa, amo-te por [não] ser e nada mais.

Meu Amor, absoluto fulgor, favor que me fazes é devolver-me ao meu ponto temporal e espacial, oásis. O momento me foge o controle, te vejo em meus medos, te sinto como um raio intocável em nuvens escarlates, te desejo.

Estou ainda à beira da morada de Netuno, sinto a areia sob meus pés firmados, rebuscados, bailo ao vento formando furacões com meus eventos.

Ainda tenho muito que fazer, galgar fronteiras ainda não vividas, degustar das belezas incompreendidas de nossas vidas.

Volto aos reinos de Malchut, esfera de experiências sensoriais, floresta dos mistérios ocultos, te invocarei para sempre, tão certo como meus dias, que passo ao seu lado.

 

Pedro Gualberto

06 de maio de 2014