A LUTA PELA LIBERDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA - GRUPO AUM BAN DHAN

ALANNA SOUTO

Profa. Ms. História

A luta contra intolerância, o fanatismo religioso faz parte do bojo de lutas por uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais humana. Sabemos hoje que o conflito de classes não é só um embate econômico, mas sim uma construção de inúmeras identidades [sejam econômicas, sociais, religiosas, gênero, sexualidade, etc.] que formam as culturas das categorias sociais ou classe sociais. Ser indiferente a essa luta, creio que é mesmo que se calar diante de tantos descalabros políticos e corrupções, muitas vezes alimentados por pessoas que deslegitimam culturas que não fazem parte da dinâmica eurocêntrica ou cristã institucional, a citar as religiões de matriz afro e a Umbanda, religião genuinamente brasileira as quais acabam por serem perseguidas ao longo da sua história.

Gostaria de registrar aqui no grupo AUM BAN DHAN, como umbandista, que apesar de não compartilharmos de forma alguma com SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS dentro da Umbanda tradicional, respeitamos os fundamentos milenares dessas antigas religiões, e reconhecemos a iluminação divina que carregam em seu RELIGARE ritualísticos com os seus DEUSES, a beleza, a paz, a harmonia, além da luta aguerrida e valorosa desses irmãos por INCLUSÃO E RESPEITO; se hoje temos o dia 15 de novembro, como dia nacional da Umbanda, devemos muito aos irmãos afro-religiosos que começaram a luta há cerca de 500 anos atrás!...Nesse sentido não aceitaremos aqui de forma alguma qualquer retaliação desrespeitosas ou divulgação de atividades de templos que compactuam com o FANATISMO RELIGIOSO E A INTOLERÂNCIA. Pois o que adianta discursar caridade, a ecologia, o respeito dos reinos naturais, sem nenhum tipo de sacrifício, se está a perseguir o seu irmão por uma opinião diferente, se desrespeita os fundamentos da religião alheia ?... Creio que a luta dos DIREITOS DOS REINOS NATURAIS DEVE SIM CAMINHAR JUNTO COM A LUTA DOS DIREITOS HUMANOS. COERÊNCIA, COMPANHEIROS! COERÊNCIA! E SARAVÁ A TODOS!

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Abaixo a matéria do site O GLOBO

Religiões africanas à mercê da intolerância

 

 

RIO — Para o agente de saúde Luiz Paulo, de 26 anos, havia chegado a hora de um passo importante no candomblé. Decidiu fazer o santo, rito que significa nascer para o orixá. Por três meses, tinha de vestir apenas roupas brancas e manter a cabeça coberta. Mas encontrou no trabalho, uma clínica da família do Rio, os obstáculos. Sua gerente o proibiu de cumprir seu preceito e exigia que ele usasse seu uniforme. Luiz Paulo tentou negociar: propôs que usasse um boné branco, reduzindo ao máximo seus paramentos religiosos. Vieram sucessivas recusas. Enquanto isso, a gerente, evangélica, reunia sua equipe para orações, dizendo que o clima no grupo estava “pesado”. Pouco tempo depois, Luiz Paulo foi demitido. Resultado, acredita ele, de discriminação religiosa e homofóbica, uma vez que também diz ter sofrido preconceito por ser gay.

No Rio de dezenas de credos, que receberá o Papa Francisco em julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, casos como o de Luiz Paulo ainda são frequentes. E atingem sobremaneira seguidores de religiões como candomblé e umbanda, como revela o Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do Estado do Rio, feito pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente (Nirema) da PUC-Rio. Das 847 casas pesquisadas desde 2008, mais da metade (430 delas) relatou episódios de intolerância religiosa contra seus centros ou seguidores nos últimos anos (o levantamento completo será apresentado em novembro, no livro “A presença do axé”).


Leia mais sobre esse assunto em https://oglobo.globo.com/rio/religioes-africanas-merce-da-intolerancia-8471972#ixzz2UEIiCiKp
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