Reciclagem

26/08/2013 11:52

 

A garrafa Pet em coma no meio da rua, oculariza os habitantes do planeta terra, interagindo uma vida dura e desafiadora, transitam sem travas, a não ser suas íntimas, fugindo de seus propósitos infinitos, extinguindo sua condição, SER humano.

Invisibilizam Pet, que calada suplica o suprassumo mais básico, o merecido suspiro, dentre todos os plásticos, é ela que está lá, desnuda, muda, calada, na calada da noite, fria, sozinha, faminta por preenchimento, pelo toque da compaixão, pelo afago da paixão, por atenção.

Mas a esperança, sua única companheira, seu único porto, o conforto, sabida da vida, que sempre devolve a quem deu, essa chama nunca morreu, ‘’Já fui útil, fiz minha parte, matei a sede, hidratei, acalmei os ânimos/ânimas, dei alegria’’. Sabia do fundo do coração, que o movimento da ação e reação, lhe retornaria são, lhe concederia o pão, a lavagem, a reciclagem, não seriam a bifurcação, mas a união, o amor, sem dor.

O calor, que viria de mãos calejadas pelo labor, lhe sustentaria feito flor, perfumes evolutivos, furtivos, camuflagem paisagem, vista por quem tem coragem, Pet tem uma mente muito fértil, por um momento se sentira erétil, e erétil ficou, pensou, ‘’parada agora estou, mas a liberdade, essa faca de dois gumes, permite que eu não necessite de quem não me vê’’.

Caminhou, foi ver o pôr-do-sol, no céu, um prelúdio, formava um símbolo, uma visão do que viria, ou do que seria, a sua frente, o sol, seguindo seu ciclo, a sua costa, encosta, uma parede feito rolo de tempestade, se continuasse a caminhar, acompanharia o sol, se ficasse enfrentaria tempestades, éons se passaram desde que nascera, pesos da experiência não vivida, lhe soterraram, mas bastava um piscar de olhos, e tudo mudaria, é filha de tudo, é dona do seu destino.

 

Pedro Brito

26/08/2013