Na calada da noite meditacional
Imagem by Zdzisław Beksiński
Traçar o mapa do teu [pré]destino é a forma gasosa mais sólida dantes impensada, o impossível pode surgir na curva da decisão; nas costas da razão; nos olhos do desejo, hipnotizando o ser [ou estar] humano na alvorada do sublime suspiro infinito, no Absoluto poder [in]existente que surge por entre os arbustos de amores espinhais, produzindo um suco cremoso, vitaminado de um tom pulsante e magnético capaz de calar a boca da consciência e despertar a autônoma inconsciência, a velha que mora na última casa, no fim da rua, cercada de arvoredos florais e um quintal tão belo que mira um lago chamuscado de dourado poente, onde crianças brincam sem pressa, choram de prazer e misturam a capacidade de ser e não ser num único momento, maculando a carne, desmagnetizando o átomo, unindo os polos, preenchendo os espaços vazios, formando um único emaranhado de percepções, cada uma vivendo separadamente, independentes, porém simultâneas, viúvas, mortas regressas, renascentes de todos os instantes, transmutando o paredão de aço em rios caudalosos de conquistas, desaguando nas profundezas de um mar sem fim, tendo as foças Marianas o início de um novo mundo. É isso, traçar o mapa do teu livre-arbítrio, encarar o destino, desafios e então seguir um caminho sem retorno, de volta ao lar e para os braços do Divino Maravilhoso.
Pedro Brito
13 de maio de 2013