LUA NEGRA EM ESCORPIÃO
Não há sol em finais de ciclos onde a ganância e a hipocrisia imperam. Não há descanso em tempos de golpe. Não há visão para as cegas jubas Ibéricas machistas que passam horas conferindo se o ouro do território vizinho está trocado. Quando o vil metal nunca foi do vizinho e nem nunca será. As riquezas são da realeza, a pomba Exu, matriz terra, a mãe água, a Escorpiã –fêmea que em tempos de cio fode loucamente com a farta fauna de parceiros e parceiras que lhe são disponíveis nas horas vagas infernais, não importa o gênero, mas o prazer do coito, não interrompido e bem protegido pela guardiã dos desejos.
O espelho que me defronto, a gargalhada que não mais me apavora. A gata que sonha comigo pergunta como me chamo. Ora, meu amor, sou muitas, eu sou você.
Mas pode me chamar de doutora Isabel, médica psicanalista e cardiologista, venho do signo lunar. (O)Culta, obscura e esclarecida. Negra furta cor. A comunicação invertida das rádios TVs privadas. Signo oposto das castradas Nazarés que só pensam em saciar seu filhotes machos mimados, traídas por seus reis terrenos e mortais. Amarguradas assombram suas filhas e netas que adoecem, fogem e seguem perdidas até nos encontrarmos nas encruzilhadas da vida. O destino que nos sela. A liberdade que nos alegra, o instinto que nos atrai e a queda que nunca cai, quica no chão, sempre limpas, sobrevivemos sete mil vezes.
O amor, no entanto, me encoleira, casa-me monogamicamente. Faz-me ser a paixão puta apenas sua...da morte fêmea renascida dentro do meu útero invertido.
Arrumamos as malas e as mobílias, pegaremos a bebê depois...
A família cresce, a casa aumenta, mas aqui do outro lado ainda faltam alguns meses lemniscato até chegar em mim. Daqui já me vejo e me reconheço. Aceno, direciono o leme, atraco a âncora no porto e início novas batalhas. Novas cartas para embaralhar e jogar; um trator para dar passagem, se o rei divino também me habita.
Residente de si mesmo, Isabel, trancar-se-á em sua solitária ambivalente, a casinha verde que reservou aqui em Itaguaí, tal qual o machadiano dr. Simão Bacamarte, liberará todos seus pacientes, reclusa até o resultado final.
Pois sim! As mulheres, também, precisam de um tempo e espaço para si e para suas [auto]investigações, não como estranhas e anormais, afinal, a vida seria muito enfadonha e nenhum pouco lunar negra se só existissem como parâmetro os “brancos” Drs. Houses, alfas ou betas, e suas esposas ideais.
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