ELAS: UM CONTO DE FADAS NA GALILÉIA

19/07/2014 08:20

 

POR ALANNA SOUTO

Caminhos retilíneos as convidam a desfilar com desvario a longa estrada ensolarada que se abriam diante delas...

Finalmente saíram da cegueira, tudo parecia tão difícil e impossível, guerras santas, algumas bruxas malignas, homens desprezados em seus paus protuberantes, vociferam como bestas a existência, a veracidade daquele amor, a pequenez dos machos em seus universos de sacos escrotais pouco massageados, decadentes e comprometidos; outras vezes os fios da consangüinidade as jogavam para longe, o desespero então a abatia, a língua envenenada a matava lentamente, já era sabido da sua morte prematura até o momento, aqueles instantes pareciam ter durado uma eternidade, virou-se lânguida deu alguns passos e encontrou quem tanto buscava por meio da confecção de suas várias máscaras, vivia num carnaval sem fim, mas sem alegria dos foliões, a carne devastada em alguns momentos de gozo, a tristeza depois retornava e a marcha fúnebre prosseguia, foi então que tomou coragem, pegou a caneta velha desgastada, das tantas já usadas para marcar outros encontros, escreveu numa folha perfumada azul: “preciso de uma dose do seu remédio ou talvez me possas levar para as águas salgadas da Rainha do Mar, podia ser em Copacabana , mas sei que andas a mergulhar no mar da Galiléia , leve-me até lá, abraça-me junto com seu salva vidas e sei que ela, a deusa sob as bênçãos do menino Jesus, limpará da memória cada dor que nos afligi e lamberá o bico de nosso seio esquerdo até cicatrizar...”

No meio do caminho para o mar depararam-se com vários ninhos de serpentes, algumas pareciam mortas, outras dormindo, ainda sim, caminhavam sem medo, firmes em seu propósito, a realização de uma união que já existia num plano interior, contudo adoecida em tempos de guerra, como era difícil passar pela Faixa de Gaza e sobreviver ao ataque da serpente do fanatismo que atingia os povos que ali viviam, como é angustiante fugir da víbora que persegue a felicidade alheia, que deseja o mal por invídia, ódio e vilania, nada mais as abatia a não ser a vontade de viver esse amor em plenitude, inteiras, sem interferências obscuras externas, sem o preconceito machista, homofóbico,sexista e misógino hegemônico que vem dominando seus povos por séculos naquela região.

Um clarão abre-se no céu, em cima de um pássaro gigante, um garotinho forte, cabelo cacheado e de voz doce que se intitulava arcanjo Miguel, sorrir e as pega pelas mãos, conduzindo- as a subir naquela magnífica divina ave, transportando-as. Lá de cima conseguem perceber o significado de tudo, um vento forte as afaga os semblantes, uma tempestade fica por terra a limpar toda maldade, após um longo vôo, pousam a beira do mar na Galiléia que se abre saindo das profundezas, ele, Jesus e a chave de quatro pontas, indicando a estrada florida, o sol e porta por qual deveriam passar, retornavam para o lar.

Foi quando ao meio dia o relógio tocou e a despertou, havia adormecido enquanto estudava Kabbalah num templo em Tel Aviv e lembrou que havia tido um sonho “como uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra, ele veio pelas encostas de um monte, mas era outra vez menino...”

 

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