74) A LÍNGUA

20/04/2014 12:48

Língua,

Amaldiçoada diariamente por tanta dissimulação.

Renego-te!

[Ímpia, puta, suja...]

Abençoada perenemente por [me] inspirar excitação

E a cada movimentar livre da boca

Entre [pequenos e grandes] lábios

Abre-se e se desfaz

Esgota o salivar

De tanto penetrar

Satisfaz

E [te] esquece!

Acorda,

Ler Augusto dos Anjos

 E adormece.

Sonha, faminta

No recital onírico

“A apolínica besta famulenta!” 

Morta-viva, a língua.