A ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA DA UMBANDA SAGRADA

11/10/2012 12:59

Exus na Umbanda sagrada são entidades pertencentes ao que chamamos de “linha de esquerda” por ser a contraparte complementar, mas não antagônica da lei divina em ação e do seu triângulo sagrado (Pretos velhos, caboclos e erês). Atuam em trabalhos mais específicos e em campos mais “densificados”. Não vou me deter aqui nas distorções da cultura leiga popular ou mesmo elitista, a citar imagens com chifres ou nudez vulgar no caso das pombas giras [Exus da polaridade feminina], mas sim tratarei do que, de fato, se tratam esses mestres e mestras, guardiões da Umbanda Sagrada.

 

Os exus são entidades de “desdobramentos” do orixá Ogum, nosso co-criador da ordem, portanto, executores da lei divina, adentrando nos umbrais mais densos do plano astral, aprisionando e/ou libertando espíritos sejam eles desencarnados ou não, desfazendo baixas magias e demandas, no geral, conectadas com que há de pernicioso desses ambientes. Nesse sentido os exus, farão a guarda de todo planeta Terra e consequentemente da humanidade, como são agentes da lei do universo, atuarão ainda, dando-nos guarda nas ruas, nos ambientes noturnos e até mesmo no auxílio para abertura de nossos caminhos espirituais e materiais, tudo, de acordo, com os designíos divinos, do co-criador da justiça Xangô.

 

Nesse sentido, os exus de forma alguma atuam para o bem e para mal, obedecem fielmente leis divinas e suas linhas hierárquicas, respeitando o livre-arbítrio humano, não fazendo em hipótese alguma trabalhos de baixa magia a eles costumeiramente e injustamente associados, a citar “amarração” do cônjuge ou da pessoa amada, tirar emprego ou mesmo matar. É importante aqui deixar claro quem faz esses tipos de “trabalhos” são espíritos malignos que se utilizam da roupagem desses guias de luz já conectados num zelador, pai ou mãe de santo que não mais se deixa guiar pela ética da verdadeira luz divina, mas sim já estão sendo orientados pelas “trevas” na busca do reconhecimento pessoal e no enriquecimento material a todo custo. Sendo assim tanto o zelador [a] quanto o “paciente”, ou melhor, dizendo nesse caso, o cliente, estarão se comprometendo com as mais baixas energias e certamente irão ter que prestar contas para com os tribunais cármicos, pois a justiça divina diferente da nossa terrena não é cega.

 

Para quem consegue os visualizar com seus olhos divinos [3º olho] irão alcançar entidades belas, verdadeiros guardiões e guardiãs, fortes, aguerridos [as] e altivos [as], contemplam exatamente o que a palavra exu sinaliza em termos magísticos “aquele que vem a frente”, correspondem, ainda, arquetipicamente o primeiro arcano tanto do baralho do cigano [O mensageiro- Carta I] quanto no tarot de Marselha [ O mago-Carta I], ambas as cartas simbolizam dentro da magística desses oráculos o ‘Exu’, aquele que abre os caminhos, o que faz a conexão entre o profano e o sagrado; homem e Deus; a carta do iniciado na magia ou mesmo do princípio material, o ponto de partida, a vontade básica para o caminho da sabedoria.

 

Dentro dessa gama de exus destacaremos uma da polaridade feminina [bombo-gira], a Cigana Sara, em especial, por ser chefe de ponta dentro da hierarquia da linha das pombas-giras no templo em que me desenvolvo mediunicamente.

 

As pomba-giras ciganas, assim como é a cigana Sara, são exus executoras da lei, representam a face da “mãe natureza” guerreira, a face de “guerra” das yabas [Orixás, co-criadoras do elemental divino feminino], das batalhas contra as “trevas” pela hegemonia da luz, o raio da harmonia pelo conflito, atuam da mesma forma que os exus da polaridade masculina, para além dos trabalhos de desmanches de feitiços, de resgate e libertação de espíritos sejam encarnados ou não e de resguarde do planeta, irão realizar um trabalho peculiar na vida do seres humanos no que se refere a harmonia emocional e sexual, equilibrando tantos os excessos quanto as faltas nesses campos, trabalham, nesse sentido, com intuito a cura e libertação de amarras cármicas, direcionando-nos a uma elevação espiritual mais genuína e plena no âmbito da afetividade, sobretudo, porque a linha de esquerda da umbanda reconhece o mal como parte da natureza humana e o descaracteriza como maldade, pois é uma religião de “liberação” e não do “acobertamento” das paixões humanas, a exemplo dos pentecostais.

 

Nas louvações aos exus que realizamos periodicamente na T. U.L.O , mãe Sara sempre presenteia seus filhos de fé, médiuns da corrente e médiuns “pacientes” [os que fazem parte da assistência] com uma mensagem de luz, um aconselhamento sobre o mundo ilusório em que vivemos, sobre os rumos que a humanidade vai tomar e até sobre o amor terreno, pois os exus, em especial, as belas bombos-giras , entendem como ninguém sobre os desafios do companheirismo real e o universo das aparências que podem assolar um casal ou mesmo uma família, os “nós” cármicos que por ventura se solidificam como “câncer” que envenenam gradualmente almas aprisionadas por seus temores. Sendo nesse aspecto as guardiãs do amor genuíno, as nossas “Afrodites” de Aruanda, fazem a comunicação entre o “céu” e a “terra”, auxiliando-nos rumo ao verdadeiro afeto, sem jamais passar por cima do livre-arbítrio de cada um, dantes nos mostrarão as ilusões que estamos “vendendo” ou “comprando”, dependendo da situação. Se a mudança não é feita pelo amor, será feita pela dor, nem que seja depois dos últimos suspiros post mortem prestaremos contas com os tribunais cármicos, Deus é misericordioso e o perdão existe sim! Lembra-nos muito bem a grande mestra Cabocla Ita em nossos estudos as terças-feiras.

 

Contudo fica a pergunta, se persistimos no mesmo erro por séculos e séculos, vidas e vidas passadas, por toda eternidade persistindo no mesmo erro, apesar de toda a “bondade” ou “curas” que tenhamos feito a milhares de pessoas, refiro-me a título de ilustração, se o “mal” e a “infelicidade” que fazemos pra nós mesmo ainda persistem pelo simples medo do confronto com mundo externo ou mesmo interno, que se diga de passagem, ilusório, aniquilando nossa essência, não seria um sinal de um aprisionamento? Se os mestres nos apontam para o caminho da total libertação, para o alcance da mestria divina e o retorno do mundo original [ver artigo https://semeadoresdaumbanda.webnode.com/news/o-papel-milenar-da-umbanda-sagrada/], primeiro pela busca da transformação interna que se refletirá como luz fosforescente ao mundo externo e o iluminará, segundo, e concomitante a isso, o serviço à caridade por meio da magística sagrada da Lei divina em ação “trabalho, cura e libertação”, se praticarmos apenas o primeiro passo ou apenas o segundo, não estaríamos nos tornando “mestres” capengas ou de muletas, pela falta de umas das “pernas”? Daí mais uma vez a roda de samsara nos trazem de volta para o plano terreno para essa mesma condição, ainda em situações mais adversas colocando-nos diante de todos aqueles “personagens”, digamos assim, que não conseguimos nos libertar. É dessa forma, portanto, que o nosso co-criador da justiça nos dão o perdão, dando-nos mais uma chance de nos concertar e nos libertar, pois não adianta discursar e até mesmo praticar o “bem” ao outro, se não faz o “bem” a si mesmo e por ventura ainda levando consigo outras pessoas para teia das aparências e da infelicidade interna, em vez de nos libertarmos por total, apesar de toda “mestria” que possamos até alcançar, se persistimos nos mesmos erros em vez de finalmente atravessar os portais, voltaremos pra cá, passaremos pelos mesmos desafios e muitos mais, amor e carma, alegria e dor, dependendo do caso mais dor é verdade.

 

Cigana Sara uma vez nos fez refletir sobre a importância de sermos um ser humano autêntico, ou seja, sem facetas e sem disfarces, verdadeiramente feliz com suas limitações e na busca da superação, cada um focando no seu desafio e na tentativa de evitar o julgamento alheio, pois quem somos nós para condenarmos alguém disso ou daquilo, se estamos longe de se quer nos autoavaliarmos verdadeiramente e mudar, caminhar para a real transformação. Se para alguns quando erram, equivocam-se ou magoam o próximo, muitas vezes são incapazes de se quer pedir desculpas, sempre senhores e senhoras de si e de sua imagem.

 

De outra feita Cigana Sara lança o seguinte questionamento: “Que parceiro ou parceira é essa que ao se deitar na cama, seus corações choram solitários?”. Lança a pergunta aos [in] quietos corações presentes no dia de festa a exu desse ano no templo, no geral, as pessoas estão ali na busca da abertura dos caminhos materiais, dos reajustes familiares, mas muitos e muitos outros na procura do consolo emocional ou mesmo na busca da coragem necessária pelo rompimento do inexistente afeto na intimidade do casal ou por ventura a libertação daquele “remorso” por desenvolver uma vida dupla devido o temor de se assumir o que é na sua verdadeira essência ou na [re]descoberta de um novo sentimento, quantos possuem a coragem de se libertar e mais ainda libertar outro de suas farsas e seguir frente? Continuar enganando a si mesmo pelas pseudas justificativas de gratidão, família ou religião em prol de uma imagem “santificada” e/ou do “status quo” até quando? A maioria, talvez, até depois de mortos ainda permanecerão presos em suas teias, alerta mãe Sara, pois como sabemos a vida continua para além dos horizontes terrenos...

 

Devemos, sim, sermos gratos a quem nos é cúmplice, a quem nos estende a mão, aliás, o sentimento de gratidão é um dos mais belos,e que na caminhada espiritual deve ser muito bem alimentado e lembrado, como bem disse uma vez Cabocla Ita, deve ser a gratidão pela libertação e não pelo encarceramento, afinal o amor não é nenhum purgatório.

 

Finalizo a reflexão reafirmando o quão importante o significado dessas mensagens e aconselhamentos divinos em nossa caminhada espiritual por mais que batermos os pés feitos crianças ou sejamos mal criados algumas vezes, contestando algumas orientações de nossos mestres e mestras de Aruanda que possam doer em nossos ouvidos por ego ou teimosia “infantil”, devemos sim dar a mão palmatória e mudar.

 

Para o neófito ou já atuante na magística sagrada os tiros de misericórdia serão dados de diversas formas: doenças, acidentes, perda de um bem material ou intelectual, crises financeiras ou conjugais, dentre outras situações que somos arraigados e que nos impedem de evoluir, é assim que rege a lei de pemba na umbanda sagrada e assim que atuam a nossa esquerda, revolucionando corações e mentes rumo à libertação interna e do mundo ilusório. Sem os exus nada se faz, pois são eles os guardiões da chave para o caminho da libertação.

 

LaroiêExu! Exu é mojubá!

Aluvaiá as Pombagiras!

 

Alanna Souto

11 de outubro de 2012.

Tópico: A ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA DA UMBANDA SAGRADA

Discordo

Maria Cigana 11/10/2012
Texto superficial, mal escrito, cheio de imprecisões e incorreções. Estude um pouco mais. A Umbanda é muito maior do que você aprende na sua tenda.

Re:Discordo

Pedro Brito 12/10/2012
Esse blog foi criado, essencialmente pra mostrar pra esse mundo doente, a verdadeira face da vida, a vida real, se é que você me entendi, são textos muito bem escritos sim, de referências muito bem informadas sim senhora, pois vem é claro da vivência de nossa irmã de santo Alanna Souto que ao longo dos seus 6 anos de Umbanda genuína e mais uns tantos (não sei quanto tempo) trabalhando e estudando como historiadora, juntando essa, e mais uma bagagem Divina, que é de nossa querida e amorosa Cabocla Ita, uma guia de luz que nos proporciona um estudo lindo e reconfortante (pelo menos pra mim), sobre a verdadeira Umbanda da magia branca...pois bem, esse blog deveria ser absorvido pra tirar tantas dúvidas, pra deixar tudo mais claro em nossa caminhada, e se caso alguém com críticas construtivas quisesse opinar, que colocasse seu ponto de vista, que foi o que você menos fez, pois apenas colocou seu ponto de vista limitado, criticando de uma forma estranha o texto e o conhecimento de nossa irmã, então com a vontade de todos que leram seu comentário, coloque seu ponto de vista sobre os Exus...estamos esperando, pois como eu e minha amiga e creio todos de nossa tenda (pois é um lugar de luz, um lugar sagrado, um lugar protegido por Exús de lei, um lugar aberto a todos, com a intenção única de fazer o bem e a caridade ao próximo, libertando todos que procuram nossa tenda das dores desse mundo cruel) estamos abertos a qualquer crítica, pois acrescenta e muito em nossa caminhada, estou esperando ansiosamente, bjus.

Re:Discordo

Rafael Quintairos 12/10/2012
Creio que seria coerente você apresentar argumentos plausíveis a respeito das suas discordâncias com o texto apresentado pela autora. Apenas julgar não vai mudar nada. E se você diz que algo está errado é inteligente comulgar para com todos o que sabes a respeito do assunto.

Uma coisa é certa, existe apenas uma Umbanda Sagrada.

Saravá

Exu

TelmaDoXum. 11/10/2012
Muito bom a teoria, bem colocado, difícil a prática...pra todos nós claro. A questão com Exu, passa pela necessidade de sermos arrastados, até o último fôlego, pra entendermos a sua linguagem, enquanto não entendermos a linguagem de Exu, não vamos caminhar DE VERDADE, pois ELES são os Senhores dos Caminhos. Um desafio que deve começar para todo filho de Pemba em respeitar e cumprir as regras de sua Casa. Um exemplo que sempre é dito em nossa Casa é "os irmãos são só irmãos", só olhar de outra forma já recebe Exu e sua espada sobre si. Isso apenas um exemplo, são muitos os descaminhos , mas só um nos leva aos Senhores dos Caminhos.

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